História de Santa Bárbara
Padroeira contra os raios e tempestades
Invocada contra as trovoadas e contra a morte súbita
Celebra-se a 2 de Dezembro
Era o século 3... Diocleciano, governador da Nicomédia (Ásia
Menor), procurava controlar a crise de seu Império. Nessa época, crescia
muito o número de cristãos, inclusive entre famílias
nobres.
Isto aconteceu também na família de Bárbara, uma jovem bela e de condição nobre. Seu pai, Dioscuro, era um alto funcionário do
Imperador, e para ele apenas a vontade
do Imperador era o que deveria seguir. Bárbara, porém, acreditava no amor e num mundo mais humano e mais justo.
Com o crescimento do cristianismo, as perseguições ficavam cada
vez mais violentas. Muitos convertiam-se e eram batizados pelo bispo Zenão e se reuniam em lugares secretos para seus encontros de fé.
Bárbara foi catequizada por pessoas amigas. Com muito amor acolheu em seu
coração a doutrina de Jesus.
A fé de Bárbara ia crescendo e mesmo sem sair de casa ela
interessava-se pelos acontecimentos que lhe chegavam através de suas
amigas cristãs. Enquanto isso, mais cristãos eram sacrificados.
Uma jovem bela e inteligente como Bárbara, não podia deixar de ter
seus pretendentes. Dioscuro, seu pai, era muito ciumento e temendo que a
beleza de Bárbara atraísse pretendentes que não lhe interessavam, mandou
construir uma torre, onde deixaria Bárbara
trancada quando ele estivesse viajando.
Conta a tradição que a torre projetada por seu pai tinha duas janelas, mas Bárbara pediu ao construtor que aumentasse para três, com o intuito de honrar a Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Bárbara encontrava-se freqüentemente com suas amigas, e juntas
rezavam pelos cristãos que a cada dia eram presos, maltratados e sacrificados.
Dioscuro soube que sua filha havia se tornado cristã, e pela primeira vez agrediu Bárbara. Mas ela tentou explicar-se, dizendo que os cristãos
acreditam que todos somos irmãos e portanto não poderiam aceitar um
Império baseado na violência e na injustiça. Ele porém, se enraiveceu com
as palavras de Bárbara e ordenou que a fechassem na torre. Ela devia
ficar lá sem se comunicar com ninguém.
Nessa época, sua amiga cristã Mônica também tinha sido presa e o bispo Zenão dera seu testemunho de fé, sendo martirizado.
Conta a tradição que certo dia foram dizer a Dioscuro que sua
filha havia favorecido a fuga da prisão de sua amiga Mônica. Ele ficou
furioso... resolveu ir até a torre e forçar Bárbara a prestar homenagem ao "deus" Júpiter. Bárbara, porém, recusou. Cheio de ódio, Dioscuro decidiu matá-la com suas próprias mãos. Nesse momento, uma força misteriosa
arrancou Bárbara das mãos de seu pai. A parede onde não havia nenhuma
porta abriu-se e ela saiu ilesa.
Dioscuro vendo-se vencido, ordenou aos soldados que procurassem
sua filha por todos os caminhos da cidade. Enquanto isso, Bárbara visitou os doentes, as comunidades cristãs e ajudava os filhos dos escravos.
Finalmente os soldados encontraram Bárbara numa gruta, onde fora levar alimento para alguns doentes.
A jovem não reagiu à ordem de prisão, sua consciência estava
tranqüila. Foi levada à presença do pai, que conseguiu a permissão do
prefeito da cidade para denunciar sua filha diante da justiça.
Bárbara então foi levada aos juízes, acusada por seu pai de ser cristã.
Diante da firmeza de Bárbara, os juízes esqueceram
sua origem nobre e condenaram-na. Ao saber disso, sua mãe Irnéria
procurou apelar em seu favor junto do marido, mas Dioscuro não quis
voltar atrás.
Na prisão Bárbara foi chicoteada. Seu corpo delicado cobriu-se de marcas roxas e mesmo ferida no corpo e no coração, procurava aumentar sua
força interior através da oração.
Conta a tradição que num momento de grande oração, uma luz desceu
do alto iluminando as trevas da prisão. E uma voz lhe disse: "Bárbara, você está
sofrendo por mim. Vou confundir seus perseguidores, curando suas feridas". A visão desapareceu e a jovem sentiu-se cheia de alegria
ao perceber que as feridas de seu corpo haviam desaparecido
completamente.
Os juízes não se conformaram com aquela cura inesperada. Então,
tentaram torturá-la pelo fogo. Mas Deus interveio novamente apagando o fogo.
Dioscuro, porém, não se deu por vencido. Ordenou aos soldados que
levassem Bárbara pelas ruas da cidade, e a conduzissem debaixo de chicotadas. O corpo da jovem novamente ficou marcado pela dor. Contudo,
Bárbara contemplou mais uma vez, a presença divina que lhe curou as chagas.
Dioscuro, promotor do processo, pediu então à justiça a condenação
de sua filha: "Seja morta à espada, como convém aos membros da nobreza". E ao mesmo tempo pediu permissão para que ele mesmo executasse a sentença.
Bárbara e sua amiga Juliana caminharam juntas para o local do
martírio. Muitos cristãos as seguiram. A espada de Dioscuro levantou-se
no ar e atingiu o pescoço de Bárbara, que serenamente entregava a Deus sua
vida.
Irnéria chorou muito. Daquele dia em diante, Dioscuro perdeu não
só a filha mas também a companhia da esposa. Ele estava só... E por isso
passou a perseguir ainda mais os cristãos.
Foi assim que inconscientemente, seus passos o levaram até o monte
onde as duas jovens tinham sido sacrificadas. A terra que tinha sido
molhada pelo sangue inocente, estava coberta de flores. Nesse momento, Dioscuro ouviu um ruído de trovão. O céu
escureceu-se à sua volta, ele sentiu uma grande angústia e começou a
caminhar pelo local, mas um raio fulminante atingiu-o no peito.
Fonte: Tommasi, Tarcila. Santa Bárbara -
Paulinas, 2003
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